Mindfulness, que palavra da moda! Quantas vezes você já ouviu/leu essa palavra esta semana? Então vamos lá, mais uma vez: Mindfulness.
Ô palavrinha que ouvimos/lemos o tempo todo e assim mesmo esquecemos de praticar, né? E mesmo se somos disciplinadas o suficiente para dedicar um tempo todos os dias a “estar presente” preciso lhe dizer: talvez você esteja fazendo isso errado.
Ok, não “errado” no sentido duro da palavra, digamos que “insuficiente” seria mais adequado. E isso não quer dizer que você precisa meditar o dobro, significa que meditar não é o suficiente.
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Desde que a palavra Mindfulness entrou no nosso vocabulário cotidiano tentamos dar um significado simplificado para ela. E isso é natural, sempre fazemos isso: quando descobrimos algo novo e queremos esse novo nas nossas vidas, a melhor forma de começar é simplificando o conceito.
Por isso, vemos por todos os lados na internet pessoas defendendo a prática de “mindfulness” como um exercício ou atividade isolada que nos trará benefícios milagrosos. E não é bem assim.
Sim, meditar faz muito bem e traz inúmeros benefícios, além de ser a porta de entrada para o conceito de mindfulness. Só que isso não basta.
Se usamos o termo em português “atenção plena” a ideia começa a ficar mais clara. Atenção plena é nada mais que: atenção plena. Ou seja, prestar atenção no que se está fazendo, focar em algo e direcionar todo o seu cérebro para essa atividade. Voltamos à ideia simples de “viver o momento”.
Então, meditação é uma ótima forma de começar, mas definitivamente não pára por aí. Eu adoro meditar porque me ajuda a começar o dia focada no que quero fazer. Me ajuda a organizar minhas ideias, entender o que estou sentindo e me preparar para o dia. Mas não podemos dizer que praticar mindfulness é meditar por alguns minutos da manhã e encarar o dia apenas como sobrevivência.
Mindfulness é VIVER o dia (sim, com letras maiúsculas).
Mindfulness é sentir o sabor do café em vez de bebê-lo apenas para acordar. É mastigar a comida e sentir o sabor de cada alimento, não apenas matar a fome. E o principal pra mim: é enxergar o mundo à volta.
É tão fácil apenas existir. Acordar de manhã, começar a trabalhar, cumprir a lista de tarefas, comer qualquer coisa, assistir um pouco de TV, navegar por redes sociais, ir dormir e … acordar de manhã…. Num ciclo sem nenhum propósito.
Bom, não importa quantos minutos você medite pela manhã, se você “vive” sua vida em piloto automático, dificilmente irá ter os reais benefícios de uma atenção plena.
Então o que é mindfulness exatamente?
Atenção plena é o que o nome diz: prestar atenção. Aliás, mais que prestar atenção é prestar atenção na vida, no mundo, no que está acontecendo à sua volta. Muita coisa acontece enquanto estamos desconectados e acabamos perdendo oportunidades de nos surpreendermos, de aprender algo novo ou até mesmo de nos maravilharmos.
Imagine que você entra no ônibus e a primeira coisa que faz é pegar o celular e navegar por redes sociais durante todo o percurso. A viagem passará mais rápido e você chegará onde precisa sem sentir um grande tédio. Ótimo, certo? Sim, principalmente se você faz o mesmo percurso todos os dias e está cansada depois de um dia de trabalho.
Mas pense na troca que você fez: você anestesiou sua viagem, mas não viu nada de novo. Talvez o ônibus tenha passado por uma vitrine com algo que você se apaixonaria. Talvez você veria um novo restaurante que iria querer experimentar. Talvez você nem iria ao restaurante, mas o cheiro que saia dele lhe daria uma ideia de fazer algo diferente para o jantar. Talvez você veria o cartaz de um filme interessante…. Tanto “talvezes” que você nunca teve a chance de saber se aconteceria.
Infelizmente, a maioria das pessoas passa pela vida assim, numa eterna viagem de ônibus sem olhar pela janela. Preferem a certeza da fuga da realidade – seja em redes sociais ou outras mídias – do que o “talvez” da realidade.
Um parênteses aqui: não estou dizendo que redes sociais ou outras mídias sejam algo ruim, ou atividades que devemos eliminar. Elas são importantes por vários aspectos (sentido de comunidade, relacionamentos interpessoais e até mesmo descanso da vida real), mas não podem ser a nossa única fonte de absorção da realidade.
Então como praticar mindfulness?
A resposta é simples, mas colocar em prática pode ser um desafio.
Em poucas palavras: preste atenção à sua volta.
Mas aí vem a parte difícil: colocar em prática. Como vamos simplesmente prestar atenção no que acontece à nossa volta? Como funciona isso? Precisamos ficar sentadas e olhar tudo?
Calma, todo caminho, por mais longo que seja, começa com o primeiro passo. E se você se interessa pelo tema, provavelmente já deu esse primeiro: meditação. Que não significa apenas sentar e ficar sem fazer nada. Há várias formas de meditar e nenhuma é mais correta que a outra, você precisa apenas encontrar a melhor para você. Pode ser sentando e prestando atenção nos sons à volta, pode ser com mantras ou pode ser até caminhando. Desde que você esteja presente no momento.
O segundo passo é lembrar desse conceito para começar a trazê-lo para seu dia a dia. Da próxima vez que for tomar um café, tente analisar o sabor. É mais amargo que o café que você tomou ontem? Está muito forte? Muito fraco? É ácido ao final?… em dois minutos você pode apenas beber uma xícara de café ou sentir prazer pelo gosto que está sentindo pelo simples fato de prestar atenção a ele.
E depois vem o resto. Você pode estar mais presente prestando atenção ao que está comendo, sentir como sua pele percebe a sua roupa (é suave? É áspero? Etc.) e assim você continua porque este é apenas o começo.
Há muitas formas de estar mais presente na sua vida e cada um terá suas preferidas. A única regra é estar focado no que escolheu fazer e sentir prazer fazendo.
Uma das minhas formas preferidas de praticar mindfulness é documentando a vida (fotografia, vídeo, diário…), mas isso é assunto para outro post aqui no blog. Espero que hoje eu tenha conseguido plantar uma sementinha na sua cabeça que irá lhe ajudar a prestar mais atenção em coisas que parecem tão rotineiras.
E sabe o que acontece quando prestamos atenção na rotina? A gente passa a encontrar detalhes que ignorávamos mas que podem nos fazer gostar mais das nossas vidas. E não é esse o objetivo de todos nós? Gostar mais das nossas vidas?