Hoje encontrei um muro. Desta vez um muro que não sei se eu posso pular e isso me frustra.
Sou defensora ferrenha de que devemos nos jogar em novas experiências constantemente. Aliás, este é um dos pilares do meu blog. Mas o que acontece quando eu dou de cara com uma experiência não tão agradável? Ou com uma experiência que expõe minhas limitações?
Isso não acontece muito. Para ser sincera, não me lembro quando foi a última vez que me decepcionei com algo novo que experimentei.
Costumo dizer que tenho a alma de um cachorro vira-lata que valoriza qualquer atenção que alguém dá, come qualquer comida e se diverte com coisas bobas. Dificilmente eu digo que não gosto de algo.
Mas hoje encontrei um muro. Ou melhor, uma fita.
Há muito tempo eu queria fazer uma aula de aero yoga, ou como o Cris e eu apelidamos: aula de Cirque du Soleil. Pense numa aula de yoga, com uma fita de seda em formato de rede pendurada, em que nos apoiamos para fazer as posições. Sem dúvida nenhuma, uma aula bonita de se ver.
Eu já tinha visto na TV e achava lindo as pessoas suspensas, quase que flutuando, fazendo malabarismo com o corpo e, além de tudo, se divertindo.
Parecia a aula perfeita para mim: adoro yoga, adoro desafios e, principalmente, adoro tudo o que é incomum.
Cheguei cedo, a professora ajustou a altura da seda e explicou alguns procedimentos de segurança básicos: tem que ser descalço, temos que guardar todas as nossas coisas bem longe, tirar qualquer brinco, cordão, anel… tudo. Fiquei empolgada.
Ela também nos aconselhou a ver primeiro o que ela fazia e depois tentar. E advertiu: se seguimos as instruções, a atividade é segura. Ok, aqui você já começa a repensar sua decisão.
Mas logo a preocupação passou porque quando você sobe na fita, percebe que é bem estável e não tem muito mistério para se manter pendurada.
Começamos numa posição de balanço, sentados na fita. Balançamos um pouco até pegar impulso e levantar as pernas pro alto, trançando-as na fita. O sentimento de satisfação quando se faz isso é indescritível porque até esse ponto você já sente que avançou bastante para uma primeira vez.
Mas aí vem o próximo passo: virar-se para trás e soltar os braços, ficando de cabeça para baixo (como na imagem abaixo).
Vi uma pessoa fazendo, vi a segunda… e sempre dava certo. Meu nível de medo não estava muito alto, mas confesso que dá sim um pouco de apreensão se jogar para trás e confiar que suas pernas irão lhe segurar na fita.
Contei 3, 2, 1… me joguei.
E lá estava eu, de cabeça para baixo, suspensa por uma fita, triunfante. Nos primeiros dez segundos pensei “uau, é tão mais fácil do que eu pensava”, mas não durou muito.
Comecei a me sentir enjoada. Queria sair da posição logo, acho que uns 30 segundos depois, mas nada de instrução para voltar para a posição normal. Olhava as pessoas à volta e todo mundo parecia estar se divertindo enquanto eu sentia meu estômago embrulhando mais e mais.
Não resisti. Voltei para a posição sentada. Pensei “vamos lá Luciana, vamos lá de novo”. Me joguei de novo. Desta vez a professora dava instruções para apoiarmos as mãos no chão e caminharmos para frente, chegando à posição do cachorro olhando para baixo. Sentia que melhorava um pouquinho, mas ainda assim o enjôo continuava.
E assim foram os demais 50 minutos de aula. Eu via as pessoas se divertindo, se jogando… e eu lá sentadinha, recuperando minha respiração e tentando de novo… só para encontrar mais desconforto.
Foi uma sensação de frustração que há muito tempo não sentia. E sei que, obviamente, não devemos nos comparar com outros, mas ver todo mundo conseguindo fazer não ajudou meu ego.
Eu olhava para o relógio e ficava rezando para a hora passar logo e sair correndo dali. Aí, virava de cabeça para baixo de novo, sentia o enjôo de novo. Voltava a sentar e esperar o tempo passar.
Sabe por que foi tão frustrante pra mim? Porque eu não sou muito de aceitar derrotas e amo desafios. Então se fosse uma questão de não ter força suficiente nos braços, estaria pensando “ok, vou fortalecer meus braços, voltar aqui e me divertir”, ou se fosse medo de me jogar eu poderia ir tentando pouco a pouco… mas o fato de ser uma limitação do meu corpo que eu não podia controlar me fez sentir impotente.
Foi uma experiência tão ruim que, mesmo no final, quando a posição era apenas ficar deitada na fita (igualzinho em qualquer rede) o balanço me fazia enjoar.
Quando acabou, senti um misto de alívio com derrota. Como assim eu não tinha conseguido?
Tive que aceitar que de vez em quando a gente simplesmente encontra um muro mais alto que a gente.
Me arrependo de ter ido? Não. Gostaria sim de dizer algo do tipo “não foi tão fácil, mas me diverti” ou “não sou boa nisso, mas quem sabe se eu tentar mais vezes”…
Eu queria pensar em uma lição bonita para tirar dessa experiência e escrever um post fofinho, desses de inspiração. Queria falar que se a gente tenta insistentemente, consegue qualquer coisa na vida. Mas hoje eu só posso escrever que encontrei meu muro.
Porém se eu – que sou incapaz de me virar de ponta cabeça por 30 segundos sem enjoar – quase nunca encontro muros quando estou tendo novas experiências, deve ser porque na vida há menos muros do que pensamos. E só vamos encontra-los (ou não) quando saímos da nossa zona de conforto e tentamos coisas novas.
Talvez esta seja a lição do dia.
Nota 1: Se você estiver pensando em experimentar aero yoga, não deixe minha experiência desencoraja-lo. Fazer os movimentos é mais fácil do que parece e todos pareciam estar se divertindo na aula. Eu apenas fiquei enjoada.
Nota 2: Claro que vou tentar de novo, hehe.