A teoria dos dois minutos: vou abandonar meu canal no Youtube?

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Eu sei que eu tô bem irregular com meus vídeos aqui no canal nas últimas semanas – pra não dizer completamente ausente, é claro.

E você deve estar esperando que eu vou simplesmente contar que tenho trabalhado muito em outra coisa e que estou sem tempo, todos esses clichês e tal..

Mas a verdade é que… sim, tenho trabalhado muito em outras coisas, mas é mais profundo que isso.

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Nas últimas semanas eu andei produzindo meu podcast, que era um projeto que estava na minha gaveta há muito tempo e tal. Aí aproveitei que já estava ausente mesmo para fazer uma reestruturação do blog, mudar a identidade visual, planejar conteúdo para o resto do ano… essas coisas.

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Então tem sim um motivo de ocupação da mente com outros projetos, mas como falei, é mais que isso.

Eu aproveitei para que fosse uma pausa para refletir um pouco mais no conteúdo que produzo como um todo.

Claro, eu tive uma pausa grande, de dois anos, em 2018 se não me engano… e voltei em 2021 porque sentia muita falta de produzir vídeos. Essa é a realidade: eu amo produzir vídeos. Eu gosto de pensar em temas, planejar, filmar, editar… todas as etapas do processo. Então digamos que eu tava com saudade, a pandemia tava no meio e eu resolvi voltar com a ideia de fazer de uma forma que eu gostasse de fazer.

Mas, apesar de ter essa ideia na cabeça, eu voltei sem nenhum plano específico. Apenas voltei.

E então os problemas que eu enfrentei lá atrás, antes de parar da primeira vez, meio que voltaram. Na verdade, já estavam ali, nunca tinham ido a lugar nenhum.

Se você acompanha o canal há mais tempo, eu já comentei aqui que eu acabei me deixando levar pelo Youtube muito mais do que me conduzir para onde eu queria ir. E isso é totalmente culpa minha!

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Eu comecei fazendo vlogs, vídeos lifestyle… e acabei caindo na armadilha que caímos 90% das vezes na vida de seguir o caminho mais fácil quando a oportunidade se apresenta. E esse caminho fácil foi falar sobre o Canadá.

Um país que amo, vocês que me conhecem sabem que amo morar em Toronto, estou sempre andando pela cidade, descobrindo coisas novas e tal.. mas eu sempre quis produzir mais que isso não porque é melhor ou pior, mas simplesmente porque é o que amo fazer.

Se eu tivesse que escolher uma coisa para fazer pelo resto da minha vida seria produzir conteúdo que de alguma forma, inspirasse as pessoas a experimentar coisas novas: comidas novas, lugares diferentes, pensar num assunto com outra perspectiva… enfim, sempre quis produzir conteúdo que trouxesse algo positivo e diferente para as pessoas. Algo curioso, ou que elas ainda não tivessem pensado antes.

E fiquei pensando: o que me impede de fazer isso? Por que por mais que eu produza vídeos, estou sempre com essa sensação de que estou me censurando? A resposta é meio obvia: medo de rejeição.

Um medo que sei que você alguma vez já sentiu na vida. E eu que seria a primeira a falar “nossa, bobagem, vai lá e faz, não se importa com o que pensam…” acabei eu mesma caindo na armadilha.

Aliás, por isso que decidi gravar este vídeo e ser tão aberta sobre isso. Porque vamos ser sinceros, pode ser que depois disso eu continue com medo e nunca mais produza nada do que eu gosto, mas durante esses dias que andei pensando muito no assunto, cheguei à algumas conclusões que podem ajudar a outras pessoas que estão assistindo a este vídeo.

Eu tava me questionando sobre esse negócio de rejeição, ou seja, medo do que as pessoas vão pensar se eu produzir algo diferente do que elas esperam de mim e fiquei pensando cenários na minha cabeça.

Como as pessoas odeiam na internet?

Primeiro, vamos nos livrar do verbo odiar. Ninguém odeia na internet, assim tão intensamente. É preciso algo muito forte para alguém genuinamente odiar alguém. Elas simplesmente podem não gostar de você na internet.

E isso já tira um bom peso das costas.

Segundo, por quanto tempo a pessoa “não gosta”? Vamos supor que ela passa por uma postagem sua no Twitter e não concorda com o que você falou e decide não gostar de você. Ela vai passar quanto tempo nessa vibe? Uns dois minutos? Depois ela vai partir para o próximo alvo.

Dois minutos. Isso assim se ela realmente não gostar do que você tem para falar.

E fiquei me perguntando: eu deveria ter tanto medo de não agradar por dois minutos? Porque vai também de aceitar que eu não sou tão importante assim para a pessoa.

Acho que muitas vezes nós temos medo de ser julgados inclusive porque achamos que somos mais importantes do que realmente somos e não percebemos que a maioria nem vai lembrar do nosso nome em dois minutos.

E o contrário? E se a pessoa gostar do que eu produzir pra ela? Ela possivelmente vai enxergar valor que faço, vai me seguir… e lembrar de mim por bem mais que 2 minutos.

Então: o que tenho a perder? Aliás faço essa pergunta para você: o que você tem a perder sendo você na internet, ou qualquer outro ambiente? Se você não está prejudicando alguém, roubando, matando… o que você tem a perder sendo você mesmo e assumindo quem você é?

Quando eu cheguei à essa conclusão, a primeira reação foi de alegria, de estar em paz comigo mesma, mas depois confesso que bateu um grau de raiva comigo mesma. Porque há muito tempo eu sinto que estou girando uma roda de hamster sem sair do lugar.

Eu produzo conteúdo porque amo, mas me censuro, então produzo conteúdo que não sou tanto apaixonada assim só par me sentir mais segura.

É realmente a definição de zona de conforto: eu fico numa posição que não amo, mas tenho medo de arriscar para fazer o que realmente quero. E isso por que? Com medo dos dois minutos de descontentamento de quem eu nem conheço.

Então cheguei à conclusão de que a única forma de andar para frente era isso aqui. É abrir meu coração, contar para vocês todos os meus problemas internos, rezar para ser entendida, fazer as pazes com os que não entenderem e seguir em frente na direção que eu quero ir.

O que eu quero dizer com tudo isso?

Bom, esse desabafo, para ser sincera, ele tem dois propósitos: 1) marcar para  mim esse ponto de virada, ser como um rito de passagem para mim, para eu lembrar que até aqui cheguei e agora é hora de virar o rumo. E 2) porque pensei que já que quero produzir conteúdo que inspire as pessoas a serem melhores versões de si mesma, essa minha experiência já poderia ser uma boa lição para elas.

E o que esperar do canal? A mesma Lu de sempre: positiva, tentando fazer coisas diferentes, correndo atrás da Syrah, mas mais verdadeira que nunca, produzindo o tipo de conteúdo que eu gosto de produzir: quero trazer temas que instiguem a curiosidade das pessoas ou que traga questionamentos de como podemos melhorar nossas vidas.

Enfim, a premissa que tenho para meus vídeos é a que – entre tantas coisas negativas que temos que lidar hoje em dia – eles sejam um ambiente seguro, onde você saiba que vai encontrar algo positivo e leve para descansar sua mente.

Se este for o último vídeo meu que você for assistir, espero que eu ao menos tenha lhe convencido de que é muito melhor você ser você mesmo, ser verdadeiro aos seus sentimentos do que tentar se encaixar num mundo em que uma peça a mais ou a menos igual a tantas outras não faz muita diferença.

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